A Estação Sustentabilidade em Foco se encerra com debates sobre como CEOs, investidores e conselhos de administração valorizam a gestão sustentável.

Discussões sobre como e em que investir, como administrar e promover transformações dentro da empresa e quais são as vantagens competitivas para o setor empresarial ao adaptar-se para um modelo sustentável fizeram parte da programação da Estação do Conhecimento Sustentabilidade em Foco, idealizada e coordenada pelo Ethos, no último dia da HSM Expomanagement.

Na palestra “Capital para a Inovação: Onde Ele Está e Como Atraí-lo?”, Linda Murasawa, superintendente de Sustentabilidade do Banco Santander, e Marco Antônio Fujihara, gestor do Fundo de Inovação e Sustentabilidade do BNDES, discursaram, entre outros, sobre o que as empresas consideram inovação válida para investimento.

Depois de mostrar os projetos que o Santander vem desenvolvendo para se adaptar à economia verde, Linda exemplificou com alguns cases as dificuldades e sucessos da empresa ao longo dos últimos dez anos. Como, por exemplo, as experiências relacionadas a microcrédito e a investimento em start-ups. “O banco é um gerenciador de riscos. Para investir em empresas novas, como as start-ups, tivemos de reformular o nosso quadro de funcionários, contratando profissionais com diferentes formações, como biólogos, arquitetos, químicos etc.”, conta a colaboradora do Banco Santander. “Para avaliar e reduzir os riscos de investimento nessas empresas inovadoras e de pouco capital, precisamos estudar a viabilidade do negócio com especialistas da área.”

Para Marco Antônio Fujihara, do BNDES, “a ideia de inovação na empresa passa por coisas velhas feitas de novas formas”. Ele enfatizou a importância da participação do investidor para que o negócio tenha sucesso: “Nós precisamos crescer junto com o empreendedor. Nosso papel é pedagógico; é participar e ensinar a gestão do negócio ao empreendedor, ao dono da inovação”.

Orientação estratégica

No debate “Que Sustentabilidade Faz Sentido para os Conselhos de Administração”, discutiu-se a importância da formação desse tipo de órgão para geração e monitoramento de mudanças dentro da empresa. “O conselho tem o dever de prover orientação estratégica e, ao fazer isso, tem de levar em conta a sustentabilidade”, explicou Carlos Lessa Brandão, conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Uma forma de a empresa olhar o seu negócio, de rever como está atuando, é ela usar seus múltiplos capitais, humano, financeiro, construído, intelectual, natural e social”, sugere ele.

O papel da alta direção

Contudo, o ponto alto do dia foi a última palestra do auditório da Estação Sustentabilidade em Foco: “Oportunidades para a Nova Economia: Conversando com CEOs”. Para debater o papel da alta direção das empresas na incorporação de medidas socioambientais, estavam Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, presidente do Instituto São Paulo Sustentável e um dos fundadores do Ethos, José Luciano Penido, presidente do Conselho de Administração da Fibria, e Franklin Feder, presidente da Alcoa.

“Embora a Rio+20 tenha mostrado que soluções e desafios não estão conversando e que as lideranças públicas estão mais voltadas para seus problemas internos, foi notável, durante o evento, o fato de que o setor empresarial efetivamente incorporou o tema da sustentabilidade”, afirmou Jorge Abrahão. Para ele, “o setor empresarial apresentou práticas concretas que legitimam a construção de políticas públicas”.

Para Franklin Feder, a nova economia traz grandes oportunidades para a Alcoa, especificamente sob três dimensões: a do produto, por ser o alumínio um produto leve, duradouro, reutilizável e muito eficiente na construção civil; a da eficiência no uso dos insumos, trocando o gás por óleo combustível no processo de produção e beneficiando comunidades locais que tiram proveito desse mesmo gás; e a da atração de talentos humanos, por meio da boa reputação da empresa. “São múltiplas as dimensões que uma empresa pode desenvolver para criar uma cultura de sustentabilidade.”, opina o presidente da Alcoa.

Ao final do debate, Oded Grajew, chamou a platéia para uma reflexão sobre as consequências das nossas escolhas. “Os cientistas nos dizem (não os profetas do apocalipse!) que, se não repensarmos nosso modelo de desenvolvimento, nossa espécie pode entrar em extinção. Se não percebermos logo tudo isso e começarmos a levar as coisas a sério, o processo de degradação pode ser irreversível. Eu prefiro acreditar nos cientistas”, disse o presidente do Instituto São Paulo Sustentável.

Por Ana Rosa Colhado, para o Instituto Ethos

Na foto: Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos; Franklin Feder, presidente da Alcoa; José Luciano Penido, presidente do Conselho de Administração da Fibria; e Oded Grajew, presidente do Instituto São Paulo Sustentável.
Crédito: Clóvis Fabiano