Instituto lamenta ofensas do presidente da República ao educador
Muitos posicionamentos e declarações do governo atual causam estranheza, incômodo e mesmo repulsa àqueles que trabalham com temas como meio ambiente e direitos humanos, por exemplo. É importante termos o discernimento de promover o debate público sobre aquilo que é, de fato, relevante para o país. A ofensa a uma figura tão importante como é Paulo Freire não deve passar batida por qualquer pessoa ou organização que preze pela educação do nosso povo.
Paulo Freire é considerado o mais notório educador brasileiro que já existiu. É reconhecido nacional e internacionalmente. Até 2016, era o terceiro autor mais citado em publicações acadêmicas pelo mundo na área de humanas. Seu impacto é até difícil de mensurar, tamanha a força de sua principal obra, “A Pedagogia do Oprimido”, que, em suma, coloca o ensino como uma forma de desenvolver um pensamento crítico dos alunos frente à sua realidade. Muito à frente de seu tempo, o pensamento de Paulo Freire se alinha com a visão de desenvolvimento sustentável que tanto divulgamos, por propor que as oportunidades de aprendizagem se deem ao longo da vida de todos, de forma inclusiva e equitativa.
Por esses e outros fatores, é lamentável que o Presidente da República, em vez de valorizar uma figura tão significativa para o nosso país, o ofenda e consequentemente, ofenda a família do Paulo, os professores que se utilizam da sua obra e todos os alunos que puderam se desenvolver criticamente como cidadãos graças à sua metodologia de ensino.
Em tempos de desinformação, nós do Ethos gostaríamos de reconhecer a importância de Paulo Freire para a nossa sociedade e esperamos que, se os representantes governamentais não conseguem valoriza-lo, que ao menos isso seja continuamente feito por cidadãos, acadêmicos, organizações da sociedade civil e empresas que entendem o poder da educação como fator de transformação social.
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