Por: Analítica Comunicação (assessoria de imprensa do Instituto Ethos)
O primeiro dia da Conferência Ethos 360° São Paulo, um dos principais eventos ASG (Ambiental, Social e Governança – ESG em inglês) do país, que acontece hoje e amanhã (19) no Pavilhão Bienal do Ibirapuera, na capital paulista, contou com uma programação repleta de ações voltadas ao debate sobre a diversidade, ou a ausência dela, no mercado de trabalho no Brasil.
O painel de abertura teve como atracão principal o lançamento do Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, um dos principais e mais abrangentes estudos sobre diversidade, equidade e inclusão no contexto das maiores empresas do Brasil. O estudo mostrou que houve um avanço na conscientização dos líderes empresariais sobre a falta de diversidade, mas que, mesmo assim, a inclusão segue abaixo do esperado. O tema foi abordado por Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, que destacou: “O estudo reflete o cenário e os desafios que as empresas brasileiras possuem. E aponta o que é preciso fazer para mudar esse cenário”.
A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, reforçou a importância do estudo para não apenas diagnosticar, mas também contribuir com os caminhos a serem seguidos para combater a desigualdade. “O Perfil evidencia que ainda há um nível muito grande de desigualdades de pessoas negras, por exemplo, sobretudo mulheres negras, no ambiente corporativo. O estudo mostra um cenário que merece atenção: na posição de trainee e estágio, há uma quantidade de mulheres muito maior do que em posições de liderança. Ou seja, as empresas trabalham para que essas pessoas sejam contratadas, mas faltam ações para que elas permaneçam e possam crescer na empresa”, destacou.
Já Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não pôde participar presencialmente, mas gravou um vídeo feito especialmente para a Conferência Ethos 360º com uma mensagem para as empresas brasileiras. “Deixo minha convocação para que as empresas realmente atuem nesse momento especial como empresas cidadãs. Há dois anos presenciamos episódios de assédio eleitoral, por parte de empresas e empresários, para com seus funcionários. As empresas fazem parte da economia brasileira e são parte essencial para concretização da democracia”, destacou.
O painel de abertura contou ainda com a participação de Ana Lucia Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos, que apresentou os principais dados da pesquisa, e Patricia Pavanelli, diretora na área de Opinião Pública e Política na Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC).
O Perfil foi tema de outro painel realizado na sequência. O debate “Do Diagnóstico à Transformação aplicando o Perfil 1.100 para fortalecer D&I nas empresas” abordou como utilizar os dados para ampliar a diversidade, equidade e inclusão nas empresas. Marcelo Billi, Head da superintendência da Rede de Diversidade e Inclusão e da Rede de Sustentabilidade da ANBIMA, destacou que “os dados são uma ferramenta essencial para o mapeamento do cenário de diversidade nas empresas e são eles que orientam sobre as ações que precisam ser adotadas“. Margareth Goldenberg, Gestora-executiva do Movimento Mulher 360, por sua vez, reforçou que “houve avanços na agenda de diversidade, em especial na presença de mulheres, mas que é necessário acabar com alguns mitos, como o de que não há pessoas negras qualificadas no mercado de trabalho“. O discurso foi referendado por Marco Castro, CEO da PwC Brasil, que frisou que “não faltam pessoas preparadas no mercado de trabalho, mas as empresas muitas vezes não possuem mecanismos de apoio para garantir a permanência desses profissionais”. O painel contou com a mediação de Scarlett Rodrigues, Coordenadora de Projetos do Instituto Ethos
Desigualdades
O painel “Igualdade Salarial nas Empresas: Perspectivas e Desafios” contou com a mediação de Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, que reforçou que hoje, 18 de setembro, é comemorado o Dia Internacional da Igualdade Salarial, porém no Brasil esse é um tema que ainda está longe do ideal, conforme mostram os resultados do Perfil Social, Racial e de Gênero.
Valmir Dantas, assessor da Presidência da República no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), reforçou que essa ainda é uma realidade que precisa ser corrigida com urgência. Como exemplo, frisou que “as mulheres negras ganham, em média, 50% menos do que homens brancos no Brasil“. Já Céu Pozzali Silva Rodrigues, psicóloga e analista administrativo da Gerência de Governança, Sustentabilidade e ESG da Fiotec, pontuou que a população LGBTI+ “precisa ser levada em conta no mercado de trabalho, que ainda ignora essas pessoas e as trata de forma desumanizada“. O painel contou ainda com as participações de Fernanda Antonelli Fernandes, diretora de Pessoas e Comunicação da Novonor, e Lilian – Lilian Ikeda, gerente sênior de Remuneração, Incentivos e Mobilidade da Natura.
Outro debate de destaque teve como tema “O Setor Financeiro e a Redução das Desigualdades”. Durante o painel, Annelise Vendramini, Coordenadora de Pesquisa em Finanças Sustentáveis da FGV SP e professora de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV), destacou que “o setor financeiro tem papel relevante para atuar em causas sociais, em especial em projeto voltados ao saneamento básico e à transição energética”. Já Jean Benevides, diretor de Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa, pontuou que “o sistema financeiro tem um grande poder para influenciar e isso pode ser usado para contribuir com uma agenda positiva”. O painel contou ainda com as participações de Bruno Crepaldi, superintendente de Relações Institucionais, Governança ESG e Sustentabilidade Institucional do Itaú, e Ana Lucia Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos, na condição de moderadora.
Assédio nas empresas
A pauta de assédio nas empresas foi tema do painel com Adriane Reis, Procuradora Regional do Trabalho em São Paulo, a especialista em Compliance e Anticorrupção, Fernanda Bidlovsky, sócia da Maeda, Ayres & Sarubbi Advogados, e Rayhanna Oliveira, gerente de ESG e Sustentabilidade da ICTS Protivit, com moderação de Glaucia Oliveira, líder de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional do Instituto Ethos.
Adriana Reis lembrou que mais da metade das empresas no país ainda estão em desacordo com a Lei 14.457/22, que apesar de estar inserida no Programa Emprega + Mulheres, estabelece medidas para prevenir e combater o assédio sexual e outras formas de violência contra todos no local de trabalho. “As empresas têm que ter foco na responsabilidade corporativa, na implementação de políticas e condução de investigações”.
Já Fernanda Bidlovsky enfatizou que a preferência pelos canais de denúncia tem se modificado. De acordo com levantamento com 600 mil acusações, a preferência de denúncias é por meio eletrônico, que cresceu para 64%, enquanto a opção por voz tem diminuído ano a ano, demonstrando uma clara intenção do denunciante permanecer anônimo.
Geopolítica
No painel “Geopolítica e contexto global para as empresas brasileiras”, a professora da área de Relações Internacionais da PUC-SP e da Fecap, Claudia Marconi, e a especialista em Governança Global, consultora e professora da FIA, Caroline Pavese, abordaram as dinâmicas geopolíticas atuais e suas implicações para as empresas brasileira.
Carolina lembrou que o relatório Global Risk Report, do Fórum Econômico Global, aponta que o principal risco nos próximos dois anos para as empresas é a desinformação. “As fakes news e a desinformação são os pontos mais críticos para os negócios”. Já Claudia Marconi lembrou que a agenda ESG é muito impulsionada pela agenda europeia e que as empresas precisam refletir sobre a realidade brasileira para ser protagonistas. “É importante pensar que tipo de liderança deve ser desenvolvida para lidar com esses desafios geopolíticos”, finalizou.
Impactos climáticos
Já o fórum “Construção de redes para a atuação em situações Emergenciais”, oferecido pela Gerdau, abordou a importância do apoio de organizações da sociedade civil em situações extremas, como a tragédia do Rio Grande do Sul, ocorrida neste ano, e as recentes queimadas por todo o Brasil. Participaram Tatiana Barros, Fundadora do Movimento Nacional Voluntário União BR, Paulo Boneff Head global de Desenvolvimento Organizacional e Responsabilidade Social na Gerdau, Marcel Fukayama Conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Social Sustentável (CDESS), e Nina Rentel Scheliga, Diretora de Tecnologias Sociais na Gerando Falcões, na condição de mediadora.
Futuro Sustentável
O painel “Agenda integrada para a Amazônia brasileira: impulsionando um futuro sustentável”, oferecido pela Hydro, debateu como empresas, organizações sem fins lucrativos, governos, universidades e comunidades podem se unir e as parcerias resultantes permitem a partilha de conhecimentos, competências e recursos. O pesquisador Paulo Amaral, associado do Imazon e líder das áreas de manejo e conservação florestal, enfatizou que “a natureza faz o papel dela, com uma capacidade incrível de recuperação, mas precisamos parar a destruição. Essa realidade chama todos os atores para atuar em relação a isso”.
Já Eugênio Pantoja, gerente sênior de Performance Social da Hydro, lembrou que a colaboração de diversas perspectivas pode fornecer a centelha para soluções criativas e inovação. “O diálogo entre empresas e comunidade encoraja o pensamento inovador, estimula a aprendizagem intersetorial e gera novas abordagens para impulsionar mudanças significativas e enfrentar desafios sociais complexos de forma mais eficaz”. O painel contou ainda com a participação da artesã Esmeralda, da comunidade Cafezal, no Pará.
Nova marca
Fechando o dia, o Instituto Ethos apresentou sua nova marca. O projeto, feito em parceria com a Laje, plataforma de conteúdo de aprendizagem de Ana Couto, usou como base uma avaliação do legado do instituto, com um olhar para o futuro. De acordo com Andrea Álvares, Presidente do Conselho do Instituto Ethos, “depois de uma jornada de mais de 25 anos, a nossa missão continua relevante. O tema de sustentabilidade foi incorporado pelas agendas das empresas, mas ainda temos muito a fazer”. O painel que apresentou a nova marca do Instituto Ethos contou com a participação de Fernanda Galluzzi, Sócia Vice-Presidente da anacouto.
A Conferência Ethos 360° São Paulo continua nesta quinta-feira (19). Para conferir a programação completa do dia, clique aqui.
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