Boas práticas de empresas em Curitiba podem ser espelhadas
A mesa que se propôs a expor casos no Conexões Ethos – Curitiba, A sustentabilidade na cadeia de valor – chave para o fomento da inovação e valorização da pequena empresa, contou com as participações de: Norman de Paula Arruda, presidente do Instituto Superior de Administração e Economia e coordenador do Conselho de Ação para a Sustentabilidade Empresarial da ACP e Co-chair PRME LAC, ONU; Ana Lucia de Melo Custódio, diretora-adjunta do Instituto Ethos; Lilian Taise da Silva Beduschi, gerente de sustentabilidade, segurança do trabalho e qualidade do Grupo Malwee; e Victor Antunes Monteiro, gerente agronômico da cervejaria Ambev.
O diálogo transcorreu sobre as experiências e desafios das empresas quanto a cadeia de fornecedores. “Atuar fortemente junto aos fornecedores ainda é um desafio a ser enfrentado pelas empresas”, ponderou a diretora-adjunta do Ethos em sua moderação no painel.
Dando início ao relato de casos, Norman relatou a experiência ao trabalhar os conceitos de sustentabilidade com taxistas, que ao término da ação se tornaram multiplicadores. “Tem uma questão fundamental que é poder sair da teoria ou mesmo trazer a teoria para a prática. O arcabouço legal e oportuno no fazer acontecer e sobretudo relatar as experiências”, destacou o presidente do Instituto Superior de Administração e Economia.
Norman explicou também sobre o trabalho que tem realizado junto aos alunos e os desdobramentos junto às empresas: “Temos feito um trabalho no sentido de criar uma metodologia estudando a relação com uma determinada empresa. Num primeiro estágio analisamos os relatórios de sustentabilidade e como são divulgados. Já num segundo estágio, verificamos as políticas e práticas com relação as iniciativas quanto ao desenvolvimento sustentável. Na terceira etapa, acontece o face to face com a diretoria. Depois conversamos com os stakeholders da companhia. Ao final, temos 11 empresas analisadas. Os diretores são convidados a acompanhar as apresentações onde surgem importantes sugestões para as empresas”, contou Norman.
A gerente de sustentabilidade da Malwee revelou que “em relação a cadeia de fornecedores o grande contato da empresa é com os produtores em Santa Catarina”, onde observaram “riscos e oportunidades para a produção responsável”. Frente a essa situação a Malwee adotou a certificação ABVTEX, auditorias internas e inspeções mensais. “Um acompanhamento com assinatura de contrato, código de ética e controles”, ações que, segundo Lilian, contribuem para mitigar riscos. “Observamos as dificuldades enfrentadas e criamos o Programa de Parceiros Estratégicos para àqueles que estão mais expostos a riscos. A partir do entendimento das causas temos como atuar com a definição de uma estratégia de apoio”, avaliou a painelista.
Sobre a vivência quanto ao setor têxtil, Ana Lucia, analisou que “o setor vem se consolidando no desenvolvimento dos fornecedores e sobre a necessidade de ter um olhar para as pessoas” e, contou sobre uma iniciativa do Ethos nessa área: “no Vozes da Moda contemplamos a questão de gênero, as mulheres com relação a renda e a participação nos espaço de poder”.
Já o representante da Ambev trouxe para o debate a realidade de uma cervejaria. “Existe um trabalho muito grande antes da cerveja chegar à mesa do consumidor”, explicou Victor Antunes Monteiro, que completou: “temos uma cadeia que vai do campo ao copo e que envolve desde a cevada à tampinha da garrafa de cerveja”.
Com cerca de 2 mil produtores diretos a Ambev acredita que, no Brasil, deve focar no produtor. “Acreditamos que, para esse produtor ser sustentável, ele precisar ser capacitado, conectado e empoderado”, o que explica da seguinte forma: “Referente a capacitação, esse produtor precisa saber como incrementar o potencial produtivo, sendo acompanhado em vários aspectos com visitas técnicas que observam questões como o trabalho escravo, entre outros. Quanto a ser conectado um dos pontos que trabalhamos é uma newsletter e até um aplicativo com informações sobre melhores práticas, de forma a aperfeiçoar a atuação deles. E o empoderamento envolve até matemática financeira”.
Relatos de experiências que lançam luz sobre o ‘como fazer’ e reforçam o quanto há possibilidades em fomentar boas práticas na cadeia de valor, otimizando negócios e evitando danos que vão além dos reputacionais.
Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos