CEOs discutem desenvolvimento sustentável em São Paulo

O evento contou com a presença de presidentes e vice-presidentes de 46 grandes empresas que atuam no país. Eles ouviram palestras de Jorge Abrahão, Paulo Itacarambi (respectivamente presidente e vice-presidente do Ethos) e do economista Ricardo Abramovay, da Universidade de São Paulo (USP), e em seguida puderam não só debater alguns temas levantados pelos palestrantes como também expor os dilemas com que precisam lidar no dia a dia das empresas.

Desafios das empresas

Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, fez a palestra de abertura, nela ressaltando um dado assustador: 16% da humanidade consomem 80% de tudo o que é produzido, equivalendo a uma vez e meia a capacidade de recuperação dos recursos do planeta. “Esse dado mostra com clareza o desafio social que precisamos enfrentar como cidadãos e como empresários: a erradicação da pobreza”, enfatizou Abrahão.

Alertando para o fato de que se estima que em 2050 haverá 9 bilhões de seres humanos, dos quais 7 bilhões pertencerão à classe média, Abrahão enfatizou a urgência da sustentabilidade para os negócios e para a sociedade. “Precisamos mudar os padrões de produção e consumo, mas igualmente necessitamos de novo comportamento, baseado em valores como tolerância e compartilhamento, para construir outro modelo de civilização”, enfatizou.

Para Abrahão, esse encontro com líderes representava a oportunidade de aprofundar a discussão sobre os desafios que as empresas têm pela frente, no caminho que trilham para o desenvolvimento sustentável. Na visão do presidente do Ethos, esses desafios são acelerar o combate à pobreza e aumentar a ecoeficiência, por meio da ampliação da gestão socialmente responsável.

Nova economia

Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos, que falou na sequência, frisou que as empresas podem conseguir superar os desafios mencionados e, ainda assim, os problemas socioambientais continuarem. “Isso porque não basta mudar a empresa ou um conjunto de empresas”, explicou ele. “É preciso mudar a economia local e globalmente”.

Itacarambi ressaltou que essa é uma tarefa para toda a sociedade. Mas as empresas podem e devem liderar esse processo rumo a uma nova economia, a qual, em seus processos produtivos e relações com a sociedade e o mercado, dê conta dos desafios sociambientais e éticos. Portanto, uma economia inclusiva, verde e responsável, cujos pressupostos foram lançados no ano passado na Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável. O documento preconiza que as boas práticas empresariais precisam ser transformadas em regras consolidadas como padrão geral para o mercado e a sociedade, por meio de autorregulação ou de regulamentações públicas.

Repensar os padrões

O economista Ricardo Abramovay, da USP, destacou, em sua palestra, os desafios dessa economia inclusiva, verde e responsável, os quais, para ele, são principalmente dois: inovação e limite. Na opinião de Abramovay, para dar conta desses desafios, a gestão industrial precisa transformar-se de tal maneira que haja uma simbiose no uso de materiais por várias indústrias, potencializando a logística reversa como forma de aumentar a oferta de energia e matérias-primas.

Para ele, é preciso também repensar os padrões de consumo, os estilos de vida e a própria noção de crescimento econômico como fim em si mesmo. “Sem essa profunda reflexão que ultrapasse os muros das empresas e mobilize a sociedade não construiremos um caminho de desenvolvimento sustentável”, reforçou o economista.

Ao fim das perguntas que sucederam as palestras, os líderes presentes ao evento foram convidados a aprofundar as reflexões em suas empresas e apresentar os resultados durante a Conferência Ethos Internacional 2012, que vai se realizar entre 11 e 13 de junho de 2012, no Hotel Transamérica, em São Paulo. Este ano o tema é “A Empresa e a Nova Economia – o Que Muda com a Rio + 20”.

Para fazer sua inscrição na Conferência Ethos Internacional 2012, clique aqui.