Há 13 anos, fiscais foram assassinados enquanto fiscalizavam fazenda com denúncia de trabalho escravo

Esta semana comemora-se a Semana Nacional do Combate ao Trabalho Escravo. A data é uma homenagem à Chacina de Unaí, em que três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista foram mortos enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo em uma fazenda na cidade de Unaí – MG, em 28 de janeiro de 2004.

Entre os envolvidos no caso, estão o ex-prefeito da cidade e seu irmão que é fazendeiro. O caso demorou cerca de 10 anos para ser concluído e algumas penas chegaram a mais de 100 anos de prisão, mas a maioria dos condenados recorreram da sentença e aguardam julgamento em liberdade.

Na última terça-feira (24), fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego realizaram um ato em memória à chacina e pedindo a prisão dos condenados. Nesta semana, diversos eventos acontecem para celebrar a data, em especial pelo momento em que a temática do trabalho escravo passa no Brasil.

No final do ano passado, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), pelos casos de trabalho escravo em uma fazenda no Pará. Além desta questão, o Brasil foi obrigado judicialmente a liberar a Lista Suja de empresas que usam mão de obra escrava, contudo, a medida não foi cumprida.

Em contraponto, o Brasil avançou no combate ao trabalho escravo nas últimas décadas, diminuindo os números de casos e também, assinou e ratificou acordos nacionais e internacionais para o combate do trabalho escravo e do trabalho infantil.

“É importante lembrarmos que o momento em que o país vive exige atenção redobrada de toda a sociedade para que os avanços nas questões trabalhistas e de direitos humanos não sejam perdidos. No InPACTO, estamos participando ativamente das discussões junto com governos e sociedade civil, e dialogando com o setor empresarial sobre os desdobramentos da agenda para que não tenhamos retrocessos, mas avanços no combate ao trabalho escravo ou análogo à escravidão”, comenta Mércia Silva, diretora executiva do InPacto.


Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos

Foto: Repórter Brasil