O que nos diz o Guia Exame de Diversidade?
Teses de doutorado, matérias de página dupla (ou mais) de jornais e revistas, entrevistas em programas televisivos, explicações de especialistas e dados estatísticos. Tudo isso, há tempos, comprova que a diversidade, para além da inclusão de minorias e redução de desigualdades, faz bem (e muito bem) para os negócios.
Então, como explicar que essa premissa não tem orientado a ação das grandes corporações, nas quais a diversidade do público interno avança a passos lentos, como comprova a série histórica do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas?
Apesar dos olhares serem amistosos com relação à temática, ainda assim faltam ações concretas, se não dizer, ações afirmativas, em grande parte das empresas. Seguindo o ideário de sensibilização para o tema, o Ethos se uniu à Exame para dar vida ao Guia Exame de Diversidade. Uma iniciativa inédita que traduz essa polissílaba em quatro agendas: gênero, LGBTI+, pessoas com deficiência e étnico-racial – entendendo, claramente, que a diversidade humana vai além dessas agendas, mas que esses aspectos são centrais para a construção de uma sociedade brasileira mais civilizada e menos desigual. Com um detalhe, todas observadas quanto a interseccionalidade e transversalidade.
Por falar nisso, um argumento em favor da implementação de ambientes diversos nas empresas que precisa ganhar força é a transversalidade da temática com outras questões estratégicas para o setor privado. Ora, se o compliance passou a ser o indutor de boas práticas em integridade, como não contemplar a inclusão e o combate à discriminação como uma de suas vertentes?
O Ethos realizou uma pesquisa com suas associadas e observou que, para 2019, 93% das empresas terão investimentos iguais ou maiores na agenda de Integridade comparados a 2018. Algo, de fato, muito importante, sobretudo se nesse contexto as políticas para não-discriminação e promoção da diversidade estiverem inseridas.
O Guia Exame, além de premiar boas práticas em diversidade e ser um vetor para quem quer percorrer este caminho, também nos trouxe dados e apontamentos que indicam que nesta seara ainda há muito por semear.
Por: Ana Lucia de Melo Custódio e Rejane Romano, do Instituto Ethos
Foto: Nappy