Para alguns executivos, a sustentabilidade é uma tendência passageira; para outros, é assunto tão sério quanto a sobrevivência de seus negócios; para muitos, algo ainda tão amplo e insondado que se torna de difícil aplicação.
De qualquer forma, como constatado por mapeamento feito pela Ernst & Young Terco, em cooperação com a GreenBiz Group, a sustentabilidade está na agenda do dia dos executivos das grandes empresas, que já enxergam mais oportunidades do que riscos quando o assunto é mudança climática e gestão hídrica.
O levantamento, feito com 272 executivos de empresas de 17 setores com faturamento acima de US$ 1 bilhão, indicou seis tendências que estão pautando os negócios sustentáveis.
Antes de qualquer coisa, a pesquisa mostra que o comprometimento do Conselho de Administração com a sustentabilidade é crucial, caso contrário não haverá força para colocar em prática as transformações necessárias: antecipar e se adaptar a novas legislações, alinhar redução de custos com melhoria da reputação e se beneficiar do ganho de desempenho através do foco em inovação. Vale ressaltar que o tema é exigido tanto nos processos de gestão quanto na introdução de novas tecnologias produtivas.
Como visto na Rio+20, o estudo confirma que o salto em sustentabilidade virá do setor privado e, em particular, das grandes empresas em resposta às demandas dos consumidores e da sociedade em geral. A percepção é que os governos estão bem tímidos em relação às transformações, e o clima de insegurança atrasa investimentos que já poderiam ter sido realizados.
Nesse cenário, os executivos, surpreendentemente, reconhecem o valor do papel das ONGs como um primeiro radar da percepção da população, indicando os riscos, tendências da opinião pública e principais focos de atenção.
Os pontos de vista das organizações de “rating” e de ativistas têm ganhado força dentro das empresas, e uma nova forma de governança mais transparente e colaborativa em temas de interesse comum poderá surgir daí.
Surpreende-nos que apenas 30% das empresas entrevistadas afirmem executar uma análise de cenário considerando a mudança do contexto socioeconômico, que passa por indisponibilidade de matéria-prima e terra, e mudanças demográficas e nos padrões climáticos.
Transparência, integração de dados financeiros e não-financeiros e gestão de recursos naturais são a chave para que um ambiente de negócios sustentável ocorra concretamente.
Tendo em vista as metas de crescimento cada vez mais agressivas das corporações e da região em que estão inseridas, fica a seguinte questão: como fazer mais com menos?
Um exemplo gritante é o déficit global de 40% em recursos hídricos considerando a demanda prevista e a oferta em 2030.
Por fim, parece que as empresas têm sido submetidas a um tsunami de questionamentos sobre aspectos sociais e ambientais do negócio e, neste contexto, cada vez mais acionistas e investidores têm se interessado pelos temas em torno do desenvolvimento sustentável.
Os relatórios de sustentabilidade e o integrado vieram para ficar e estão sendo solicitados por esses investidores, onde se procura entender, sobretudo, os esforços para reduzir o consumo de energia e para minimizar emissões, e as condições gerais de trabalho e direitos humanos.
MÁRIO LIMA é diretor de consultoria para sustentabilidade da Ernst & Young Terco