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Rever valores para salvar o clima

Empresas precisam mudar seus padrões de produção e consumo e ter mais cuidado com os projetos de neutralização de emissões de carbono

Foto: Marco Carvalho
Neutralizações fajutas comprometem futuro
Neutralizações fajutas comprometem futuro
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Uma revisão dos valores humanos e mudança dos padrões de produção e consumo foram os principais pontos apontados pelo painel temático “Mudanças climáticas: caminhos para o enfrentamento – empresas, poder público e consumidores”, realizado na Conferência 2007, do Instituto Ethos. Gilvan Sampaio, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Ceptec-Inpe), alertou que “a mudança do clima não é algo para daqui a trinta anos; ela já está acontecendo”. Além do crescimento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, Sampaio mostrou que, para onde quer que se olhe, tudo aumentou nas sociedades ocidentais a partir da metade do século 20: a população, a emissão de poluentes, o consumo de água e de energia, o número de turistas etc. “Isso acaba levando a uma mudança do estilo de vida. O que temos hoje é uma sociedade que usa energia de maneira exagerada”, afirmou Sampaio.

Fábio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade e moderador do painel, cobrou a volta do protagonismo que sempre caracterizou o Brasil nos acordos mundiais sobre mudanças climáticas e defendeu que o setor empresarial seja convocado para discutir as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa. “As negociações sobre metas de redução estão sendo feitas como no século 19, com acordos entre países. As empresas e a sociedade civil também têm de ser chamadas a participar”, afirma Feldmann.

Para Claude Ouimet, vice-presidente e gerente-geral da Interfaceflor Commercial para o Canadá e América Latina, as empresas têm mesmo muito a fazer. Ouimet propõe que todas as companhias façam a avaliação do ciclo de vida de seus produtos para poderem ter uma idéia do impacto ambiental daquilo que vendem – e, assim, mudar processos e produtos para causar o menor dano possível. “As empresas têm de ser parte da solução, não do problema”, declara Ouimet.

Giovanni Barontini, sócio da consultoria Fábrica Éthica Brasil, chamou a atenção – de maneira indignada – contra a moda da neutralização de emissões de gases de efeito estufa por meio do plantio de árvores, pois considera fajutos muitos desses projetos. “Inúmeras empresas ganham as manchetes dos jornais por causa dessa neutralização, mas nem sequer fazem um inventário de suas emissões”, protestou. Ou seja, se a empresa nem sabe o quanto emite em gases de efeito estufa, como pode calcular o quanto deve ser neutralizado? “É preciso saber se há fraude nesses projetos de neutralização de carbono”, afirmou Barontini, vislumbrando a constituição de “uma autoridade de vigilância” para controle externo. Claude Ouimet, da Interfaceflor, concordou. Na sua empresa, segundo ele, só são implementados projetos de redução de impacto ambiental que possam ser auditados.

“Neutralização de carbono não pode ser só marketing. Tem de ser parte de uma política da empresa para mudanças climáticas que integre a estratégia de responsabilidade social”, definiu Giovanni Barontini. De acordo com ele, uma “neutralização de carbono que não neutraliza nada” é, antes de tudo, uma questão ética, pois não vai ajudar a diminuir o aquecimento global, cujo impacto “trará muito sofrimento no futuro”. Ele citou o Carbon Disclosure Project (www.cdproject.net) como uma fonte confiável de informações para a sociedade e para os investidores. O projeto visa tornar públicos os dados sobre emissões de gases de efeito estufa pelas empresas.

Para atacar o problema do aquecimento global pela raiz, entretanto, todos os participantes destacaram a importância de se reverem os padrões de produção e consumo — principalmente de energia—, bem como os valores que movem os seres humanos. Jacques Marcovitch, professor de Estratégia Empresarial e de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), aposta na formação de uma nova geração de profissionais que construam “carreiras verdes”, ou projetos de vida que unam satisfações pessoais e profissionais. “Temos de investir em recursos humanos para organizar a reflexão e a ação que possam mudar o futuro”, diz Marcovitch.

De acordo com Gilvan Sampaio, do Inpe, o consumo é uma área em que ações individuais são importantes, mas deveriam ser complementadas por políticas que incentivassem a redução de emissão de gases de efeito estufa, como o subsídio a produtos mais eficientes. “Um exemplo está nas lâmpadas fluorescentes, que consomem 80% menos energia, mas custam dez vezes mais. Se uma pessoa ganha salário mínimo, vai escolher a mais barata”, diz Sampaio.

Sobre mudança de valores, Claude Ouimet trouxe um belo exemplo. Segundo ele, Ray Anderson, fundador da Interfaceflor e líder do processo de transformação da empresa em ambientalmente responsável, era dono de dois automóveis de luxo, um Bentley e um Jaguar. Trocou-os há algum tempo por um Toyota Prius, um carro híbrido (funciona a gasolina e a eletricidade) que gasta praticamente a metade do combustível consumido por outro do mesmo tamanho. “Ele diz que tem mais prazer em propagar os valores em que acredita dirigindo um Prius do que em mostrar poder e dinheiro com os carros de luxo”, contou Ouimet. (Publicado em 18/06/2007)


Fonte: Instituto Ethos

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