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No sétimo painel temático da CI 2006, dia 21 de junho, foi analisado o desafio
de disseminar melhores práticas de promoção do trabalho decente. Foram discutidos
caminhos para a implementação das diretrizes da Organização de Cooperação e
de Desenvolvimento Econômicos (OCDE) para as multinacionais e os desafios para
o avanço na aplicação do Pacto de Combate ao Trabalho Escravo.
Abrindo a palestra, a socióloga Laís Abramo, diretora da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) no Brasil, apresentou alguns conceitos criados pela instituição
e colocados na Agenda Nacional do Trabalho Decente. Segundo ela, "entende-se
por trabalho decente um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições
de liberdade, eqüidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna". Um emprego
decente é o emprego necessário para que as pessoas tenham uma vida digna, sem
exageros, razoável, segundo os padrões básicos de cada sociedade.
A socióloga reconheceu que o pensamento pode ser chamado de utópico, mas acredita
que cada sociedade deve definir quais as possibilidades e necessidades que devem
ser abordadas e persegui-las com afinco."O trabalho decente é uma condição fundamental
para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia
da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável", declarou. Apesar
de a Agenda propor diversos planos para o combate ao trabalho escravo, infantil,
entre outros, ela ainda não é um programa. Para Laís, esses são problemas possíveis
de se eliminar em um horizonte razoável.
O presidente do Instituto Observatório Social, Kjeld Jakobsen, apresentou algumas
metas e objetivos ligados ao trabalho decente, em que o principal é verificar
e medir os problemas trabalhistas. Kjeld afirmou que não é de responsabilidade
do Instituto buscar resolver esses problemas, mas apresentá-los de forma a que
as empresas e organizações ligadas ao trabalho, como sindicatos, se empenhem
na busca pelo trabalho decente.
Caio Magri, gerente de Parcerias do Instituto Ethos, apresentou a conclusão
à qual os três debatedores chegaram, contrapondo seus argumentos de forma objetiva
no painel temático: "o crescimento econômico precisa de algo mais".
Apesar disso, a Agenda Nacional do Trabalho Decente procura demonstrar quais
são os aspectos que devem ser abordados para se chegar ao respeito às normas
internacionais do trabalho, à promoção do emprego de qualidade, à extensão da
proteção social e, principalmente, ao diálogo social, em que o Brasil tem avançado
imensamente nos últimos anos. "Nenhum desses problemas se resolve da noite para
o dia, por isso, estamos lutando para acabar com eles de forma organizada e
multidimensional", finalizou Laís.