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A primeira plenária do dia 22 e a terceira da Conferência, Controle
social do Estado e do mercado - o papel da sociedade civil, contou
com a participação dos palestrantes Sean de Cleen, diretor executivo do African
Institute of Corporate Citizenship (AICC); e Eduardo Felipe Pérez Matias, sócio-advogado
do L. O. Baptista Advogados; dos debatedores Luiza Cristina Fonseca Frischeisen,
procuradora do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro; e Eduardo Capobianco,
presidente do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil, convidados a compor
a mesa, contribuíram ainda mais para uma rica discussão.
Para Eduardo Matias, o futuro
da atuação do terceiro setor é o de substituir, paulatinamente, as funções do
Estado, por meio do fortalecimento organizacional da sociedade civil. Segundo
ele, essa evolução se anuncia pelo tripé "globalização, inovação tecnológica
e enfraquecimento do Estado" e abre caminho para que os novos atores assumam
e venham cumprir funções até então destinadas ao poder público, como promoção
da justiça e desenvolvimento social. O desafio é atuar dentro de um cenário
de legitimidade e transparência, buscando-se o interesse coletivo.
Para Luíza,
um dos grandes desafios será encontrar saídas para a inclusão social de uma
grande parcela da população mundial que ainda não teve acesso aos benefícios
da globalização e permanece às margens do movimento. "É preciso pensar no âmbito
da cidadania e, para isso, é necessário que o Estado esteja presente e que haja
controle social", explica.
Atuando também em contraposição ao advogado, Eduardo
Capobianco apresentou os riscos de se apostar em um manejo do terceiro setor
sobre os mecanismos de governo e de mercado, explicando que aquele setor também
é regulamentado por interesses que não exclusivamente de colaboração, o que
gera uma "disfunção que precisa estar presente quando pensamos em controle da
sociedade civil organizada sobre o Estado e o mercado". Essa disfunção traz
também a necessidade de se estabelecer critérios precisos de certificação e
fiscalização dessa atuação.
Sean acredita que "o fluxo de aproximação entre
a sociedade civil e o setor privado formula um novo modelo de mercado, gerando
pressão por parte da sociedade e a ampliação de novas tecnologias sociais".
Assim, ele acredita na participação ativa do terceiro setor junto à iniciativa
privada globalizada para a evolução das economias em desenvolvimento. Além disso,
fez um convite a uma atitude mais esperançosa com relação a esse movimento:
"Trabalho nesse setor há dez anos e nunca estive tão empolgado como agora. Até
então, me sentia um padre no púlpito, explicando o que fazer. Agora sinto que
eu e meus interlocutores falamos a mesma língua".